1: O Taoísmo
O Taoísmo surgiu a partir de Lao-Tsé ainda que uma filosofia anterior, semelhante a ele, já existisse. A vida de Lao-Tsé é envolta em incertezas. Nasceu onde hoje é a China em 604 a.C. ou 571 a.C.; não há convicção quanto a esta data. Sua morte, de forma semelhante, não é conhecida com certeza, sendo considerada 531 a.C. ou 517 a.C. Isso faz que ele tenha vivido entre 40 e 87 anos de idade, o que é um lapso temporal bastante impreciso.
Ao contrário de seu coirmão, o Confucionismo, o Taoísmo é uma religião de tipo politeísta. O Tao Te Ching é o livro fundamental do Taoísmo, sendo creditado a autoria a Lao-Tsé.
O Taoísmo trabalha pelo equilíbrio e tem alguns conceitos fundamentais, são eles:
TAO: É, ai mesmo tempo, a energia e a consciência que a tudo penetra e permeia. Só o Tao é eterno e imperecível.
YIN e YANG: As duas polaridades, associadas, respectivamente a, negativa e positiva. Devemos aprender a equilibrar os opostos, princípio fundamental do Taoísmo. O famoso símbolo do Tao, expresso em Yin e Yang representa que no bem também existe algo de mal e no mal existe algo do bem. Seu formato central indica que nada está parado, que tudo se move e que tudo pode mudar porque só o Tao é eterno.
QI: É a energia vital que flui no universo. Um desequilíbrio em nosso Qi, pode causar enfermidades, devido ao desequilíbrio, conforme ensina o Taoísmo.
Em termos gerais o Taoísmo ensina, como princípios, a:
- Viver de forma equilibrada.
- Aprender a se adaptar às mudanças, sem perder o equilíbrio.
- Buscar a simplicidade e ser modesto na forma de ser.
- Aceitar a natureza e respeitá-la.
Tem como principais práticas a meditação; o tai chi chuan; a alquimia interior que permite transformar nossos estados adormecidos em consciência desperta e a realização de rituais e cerimônias para entrar em contato com o Divino e a Natureza.
2: Ética na visão do Taoísmo
A ética no Taoísmo se fundamenta no equilíbrio e na harmonia. Todo comportamento humano deve ter sentido de equilíbrio e de harmonia.
1 – Não-Ação: Não interferir na natureza das coisas. Não intervir naquilo que não deve intervir. Como consequência disso temos a liberdade. Não devemos intervir na liberdade das pessoas. Cada qual é livre para pensar, sentir e agir como queira, guardadas as devidas regras sociais. Outra consequência é não agir com violência porque a violência é uma imposição, algo forçado, o que nos faz interferir em algo que não nos compete. A Não-Ação é também agir sem esforço, sem interferência no curso natural dos acontecimentos, e na hora certa. Significa ainda não protestar contra fatos que não podem ser modificados, como um desastre ou a morte. Desta forma, através do princípio da Não-Ação mantemos nossas ações em equilíbrio e harmonia com o Tao.
2 – Respeito à Natureza: Viver em harmonia com o ambiente, com o meio, sem prejudicá-lo. Utilizar a natureza a seu favor e não considerá-la um estorvou ou uma adversária. Um exemplo clássico disso foram os Incas que souberam utilizar o acidentado território como forma construtiva de sua civilização. O respeito à natureza deve começar porque o próprio homem faz parte dela.
3 – Simplicidade: Evitar os excessos, buscando agir de forma modesta e simples. A simplicidade tira a complexidade de nossa vida. Saber pensar simples ajuda a encontrar soluções aos problemas. Como se diz, a resposta mais simples é a resposta mais óbvia. A simplicidade nos permite ter maior clareza da vida. A complexidade, ao contrário, nos afunda cada vez mais em nossos próprios pensamentos e neles ficamos presos sem achar soluções. A simplicidade de uma criança consterna um adulto.
4 – Compaixão: Cultivar o amor e a empatia. Na visão do Taoísmo é também saber aceitar cada qual como é. Não realizar julgamentos a nada ou ninguém. No lugar disso buscar compreender a situação e as circunstâncias.
5 – Humildade: Ter valor para reconhecer os próprios limites. Saber ouvir críticas e aceitá-las quando verdadeiras. Não menosprezar ninguém, não humilhar o próximo. Se for necessário chamar a atenção, fazer de forma cortês. A arrogância e o orgulho são venenos que devemos evitar. Alguém que humilhamos hoje é um inimigo em potencial amanhã. Fazer o melhor de si, mas fugir das competições.
6 – Autodisciplina: Saber controlar a si mesmo, controlando os baixos instintos, as baixas emoções e os pensamentos supérfluos. Buscar exercer a vontade. Não procrastinar ou ser preguiçoso. Ter controle sério sobre os estados psicológicos: instintos, emoções e pensamentos, na busca de aprimoramento. Buscar a força interior como elemento modelador e constante na vida.
7 – Justiça: Agir com retidão, livre de egoísmos e preconceitos. Agir acima de seus próprios interesses. Tratar a todos de forma igual, sem distinções ou discriminações; sendo imparcial nesse sentido. Não usar a violência ou forçar alguém a fazer o que ele não queira.
3: Os Três Tesouros do Taoísmo
São três virtudes consideradas como valores essenciais no Taoísmo. No capítulo 67 do Tao Te Ching, é dito:
Três joias aprecio e preservo:
A primeira chama-se misericórdia;
A segunda chama-se moderação;
A terceira chama-se não buscar o poder.Antes a misericórdia, depois coragem;
Antes moderação, depois generosidade.
Antes não buscar o poder, depois liderar homens de talento.
Um breve estudo sobre estas três virtudes essenciais do Taoísmo.
1 – Misericórdia: Faz alusão ao amor e compaixão. Também à empatia. Uma forma de expressar a misericórdia é não julgar ou condenar ninguém, ao mesmo tempo que se busca compreender as circunstâncias que levam as pessoas a cometerem erros. Cada qual tem a liberdade de ser e fazer o que queira e nosso julgamento não vai alterar essa realidade. Outra visão do Taoísmo sobre a misericórdia é apoiar e ajudar naquilo que possamos, sem esperar retorno, sem expectativas, simplesmente fazer pela intenção única de ajudar.
2 – Moderação: Faz alusão ao controle de si mesmo, de nossos impulsos instintivos, emocionais e mentais. Não exagerar nas comidas. Fugir dos extremos, saber adaptar-se às mudanças, nos dois casos, mantendo o equilíbrio. O excesso de um é a falta do outro. Limitar e ponderar seus impulsos e desejos se estes causam danos a si e/ou a outros.
3 – Não buscar o Poder: Faz alusão à humildade. O Poder deve ser recebido por mérito e não ser buscado porque por trás dessa ação reside uma ação imodesta que, em algum momento, pode se apoderar da situação de poder para oprimir aos demais ou desrespeitar a natureza; em qualquer um dos casos, provoca desequilíbrio. Sem adentrar no mérito da discussão, a história está repleta de casos de ditadores que fizeram de tudo para chegar ao poder e quando o conquistaram, causaram dor e sofrimento, ou seja, causaram desequilíbrios.
Os Três Tesouros são elementos distintos, mas interconectados. Eles refletem na vida humana e agem, ao mesmo tempo, como um complemento simultâneo entre o mundo físico (vida eventual, o mundo exterior); a vida orgânica (vital) e a vida psicológica (mundo interior).
4 – Conclusão
O Taoísmo tem uma busca pelo equilíbrio e pelo respeito, tanto para o ser humano como para a natureza. A ética no Taoísmo preza por um indivíduo equilibrado que esteja em harmonia consigo e com as demais pessoas, ou seja, com a sociedade.
Tem por valor maior o controle de si mesmo, uma forma de garantir o equilíbrio. E essa busca de equilíbrio é que se fala ser o Caminho do Tao.