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Código de Ética Inca

1: Introdução

Os Incas, como Império, foram um povo cuja civilização teve início, oficialmente aceito, em 1438 e término em 1533. Isso não significa que não houvesse sua presença antes desse período. O período indicado faz alusão ao Império Inca. Como um povo sua presença guarda registros desde 3.000 a.C.

Tanto os povos Incas como o Império Inca se localizaram onde hoje é Peru, Chile, Bolívia e Equador, tendo sido ocupadas as regiões da Cordilheira dos Andes. Antes da chegada dos portugueses e espanhóis, era a maior civilização das Américas.

Os Incas são considerados os maiores construtores megalíticos do mundo. Souberam, de forma muito engenhosa, administrar o terreno acidentado em seu favor, transformando uma aparente dificuldade em uma das formas mais engenhosas e em harmonia com a natureza. Isso em conúbio com as construções megalíticas, faz dos Incas ótimos arquitetos e engenheiros hidráulicos de primeira linha.

Machu Picchu, cidade do Império Inca

2: Código de Ética Inca

O código de ética Inca talvez seja o mais simples e o menor dos códigos de ética. Ao mesmo tempo ele é muito prático e dedicado, ao mesmo tempo, ao indivíduo e ao equilíbrio da sociedade. Os Incas tinham alta estima pelo bom caráter, o que impressionou os espanhóis e, em alguns relatos, conquistadores se arrependeram de, conforme suas palavras, “destruir sua sociedade”.

O código de ética Inca não se restringe ao que será apresentado, entretanto, é o que mais marca essa civilização. É comum apresentar esse código em língua quíchua, idioma nativo dos Incas. Diz-se que os Incas têm um lema, que é:

AMA SUWA, AMA LLULLA, AMA QUELLA

Esse lema é um trecho (o mais difundido) do código de ética Inca.

AMA SUWA: Do quíchua, Não roube. A expressão completa é Ama Sua Waqaychaspa; que significa “Não seja ladrão.”

AMA LLULLA: Do quíchua, Não minta. A expressão completa é Ama Llulla Waqaychaspa; que significa “Não seja mentiroso”.

AMA QUELLA: Do quíchua, Não à preguiça. A expressão completa é Ama Quella Waqaychaspa; que significa “Não seja preguiçoso”.

O termo AMA, em quíchua significa “não” ou “não faça”. O termo WAQAYCHASPA, em quíchua significa “aquele que é”; “aquele que pratica”. Os demais termos em quíchua, SUWA, LLULLA e QUELLA, significam, respectivamente, ladrão, mentira e preguiça.

3: Comentários sobre a Ética Inca

A chegada dos espanhóis em território Inca foi avassaladora para este povo. As crônicas históricas afirmam que os Incas se escandalizaram com o roubo dos espanhóis aos seus pertences. Sendo um dos guias de sua conduta ética, “não roubar”, ao se depararem com o roubo por parte dos espanhóis, textos afirmam que os Incas os olhavam com desprezo. Também escandalizava os estupros às mulheres Incas. Uma atitude que reprovavam.

Em AMA SUWA, para os Incas, a importância residia no valor que tem a honestidade. Isso porque o governo Inca dava suporte, auxílio a toda pessoa que necessitasse de ajuda para sobreviver. Por exemplo, idosos e mulheres viúvas recebiam ajuda do governo. Essa ajuda vinha de impostos que o governo cobrava para esse fim. Era um tipo de imposto de ajuda social aos realmente necessitados, aos incapazes de trabalhar ou por questões de compensação. Logo, na sociedade Inca, não existia razões para roubar, porque o governo ajudava quem necessitasse. Os Incas são considerados o povo que melhor soube dividir suas riquezas de forma justa, sem causar danos a nada ou ninguém.

Em AMA LLULLA, para os Incas, a importância residia na necessidade de se ter integridade, sinceridade. Essa era outra atitude que, as crônicas históricas, relatam sobre os Incas, a mentira dos espanhóis. A mentira era considerada por aquele que tinha um caráter duvidoso. Não se dava créditos aos mentirosos, estes eram mal vistos na sociedade Inca.

Em AMA QUELLA, para os Incas, o trabalho era nobre. Não aceitavam preguiçosos em sua sociedade. A ajuda social dada pelo governo não era destinada aos improdutivos, somente aos necessitados e como forma de reparo, de compensação. O trabalho era visto como uma forma de contribuição para construir uma sociedade melhor. Todos deveriam ter participação nessa construção porque a sociedade era de todos. Cumprir com os deveres, os compromissos e as obrigações, com responsabilidades era algo visto como essencial na cultura Inca. Ninguém deve pesar para ninguém, todos que possam devem trabalhar e contribuir para o bem coletivo.

Esses três lemas dos Incas: AMA SUWA, AMA LLULLA, AMA QUELLA, são tidos como princípios pela ONU (Organização das Nações Unidas) que os consideram como valores de governos transparentes em favor da sociedade. A proposta foi apresentada pela Bolívia à ONU, que a aceitou.

4: Conclusão

O código de ética dos Incas, o trecho estudado, reflete a preocupação que havia com o indivíduo. A abordagem Inca buscava um ser humano de caráter elevado, nobre, dignificante, tendo preocupação de evitar a corrupção humana.

Um indivíduo íntegro e honesto faria da sociedade um lugar igualmente íntegro e honesto. A participação efetiva do governo em saber apoiar quem precisasse e de incentivar a construção de uma sociedade a partir de todos foi tão marcante que é vista com bons olhos pela ONU, tendo virado referência de governos transparentes em prol da sociedade.

Ademais, a cultura Inca esbanja bom caráter em todos seus aspectos. O uso harmônico da natureza em suas construções, a usando em seu favor, sem precisar destruí-la ou alterá-la, mostra, per se, a forma como os Incas viam a vida e a viviam.