USD 5,8117
BTC 544775
EUR 6,105
GBP 7,3242

Código de Ética Judaico-Cristã

1: O Legado Oriental ao Ocidente

Existe uma máxima que diz que o mundo ocidental recebeu três grandes legados do mundo oriental, foram eles: O código de ética Judaico-Cristã; o direito romano e a mitologia grega. Todos eles, cada qual a sua forma, impactaram a sociedade ocidental.

A mitologia grega foi fonte inspiradora para os árabes que a traduziram para o árabe, bem como as obras gregas do período clássico tendo iniciado na segunda metade do século VIII, durante o califado abássida. Da mesma forma, o direito romano que influenciou, pelo menos 150 países da atualidade. Ele foi bem mais além do mudo ocidental e arredores da Europa, chegou ao extremo oriente como Japão e China. Influenciou ainda países com cultura religiosa com forte caráter ideológico, como a Turquia.

Quanto à ética Judaico-Cristã não precisamos de muito esforço, basta recordar que a igreja católica influenciou quase toda a Europa na idade média. Além disso a Europa colonizou (e catequizou) as Américas o que a influenciou em termos culturais, o que inclui as artes, o pensamento e o comportamento.

Os três grandes legados do mundo oriental ao mundo ocidental, Ética Judaico-Cristã, Mitologia Grega, Direito Romano
Os três grandes legados do Mundo Oriental ao Mundo Ocidental

Devemos observar que quando falamos de legado do mundo oriental ao mundo ocidental, isso inclui não só o mundo ocidental, mas parte oriental do continente africano e europeu. Isto porque a maior parte da Europa é oriental, entretanto o comportamento é categorizado como um comportamento ocidental.

2: A Influência da Ética Judaico-Cristã

Das Américas até o Japão, no extremo oriente, a ética judaico-cristã se faz presente. Em um primeiro momento graças às religiões abraâmicas, caso do Judaísmo, Cristianismo e suas ramificações, desde o catolicismo, passando pelos movimentos protestantes, pentecostais e neopentecostais e o Islamismo, este guardados os devidos limites.

Quanto a números temos por volta de 13 milhões de adeptos do judaísmo e 2,2 bilhões de adeptos do cristianismo. Nesta abordagem não contemplaremos o islamismo porque o livro principal da ética judaico-cristã é a bíblia, livro também apreciado pelos muçulmanos, mas de forma secundária, já que sua diretriz ideológica é baseada no Corão.

Assim, não restam dúvidas que uma análise da ética influência judaico-cristã, a partir da religião, deve ser feita com foco no cristianismo, dada a quantidade de adeptos no mundo. O mapa abaixo, extraído de “https://elordenmundial.com/mapas-y-graficos/cristianismo-en-el-mundo/” dá uma ideia dessa magnitude.

Mapa do cristianismo no mundo
Mapa do cristianismo no mundo

A religião segundo a antropologia é um aspecto da cultura. Na prática a religião influencia comportamentos, em maior ou menor grau. Portanto, a considerar a expressão do cristianismo, essa influência é igualmente extensa e possui caráter marcante pelo próprio formato e força da ideologia cristã.

O comportamento social, por ser algo coletivo, influencia a tomada de decisões e, por consequência as leis e políticas de toda uma sociedade. Isso é facilmente visto na influência que o direito romano tem até os dias atuais. Podemos falar o mesmo do código de ética judaico-cristã que influenciou a política dos países.

3: Origem da ética judaico-cristã

O fundamento da ética judaico-cristã é o Decálogo, ou seja, os 10 Mandamentos. A bíblia, como livro, tem duas divisões: O velho testamento e o novo testamento. O velho testamento tem origem judaica e é conhecida como Tanakh. A tanakh tem três livros, e tem a seguinte divisão: Torah, Neviim, Ketuvim.

A Torah compreende os 5 primeiros livros e é a base do judaísmo. Também é conhecido como o Pentateuco ou os Livros de Moisés. O Neviim é o livro dos profetas e tem ao todo 19 livros e vem após a Torah. Por último, o Ketuvim, que é o livro dos escritos, com 11 livros.

Estes três livros, Torah, Neviim e Ketuvim constituem, para os judeus a Tanakh, e para os cristãos o velho testamento. A bíblia para os cristãos tem uma segunda parte, o que não ocorre para o judaísmo que só tem como livro de estudos o velho testamento. Essa segunda parte é o Novo Testamento.

Da mesma forma que o velho testamento, o novo testamento tem divisões, são elas: Evangelho, Atos dos Apóstolos, Epístolas de Paulo, Epístolas Gerais e Livro do Apocalipse. O evangelho tem, em sua constituição, os 4 primeiros livros. O Ato dos Apóstolos é livro único. As Epístolas de Paulo têm 14 livros. As Epístolas Gerais têm 8 livros e, para concluir, o Livro do Apocalipse é livro único.

Bíblia, ética judaico-cristã, velho testamento, novo testamento, tanakh
Fundamento da Ética Judaico-Cristã

Muito acima de qualquer diferença temos um ponto em comum que são os 10 Mandamentos. São eles; portanto, a base da ética para judeus e para cristãos. Em outras palavras, são os 10 mandamentos o grande responsável pelo legado ao mundo ocidental, quando se fala de ética.

4: O Decálogo e as diferenças no Judaísmo e Cristianismo

A seguir vamos fazer um estudo do decálogo. Portanto, para isso, nossa referência é a Bíblia Hebraica com tradução direta do hebraico ao português em vez de usar texto com tradução do grego ou latim. Assim priorizamos um texto mais fiel. Temos ciência que o texto pode divergir ligeiramente de alguma linha teológica, entretanto, o contexto geral e o sentido em si serão mantidos.

De pronto afirmamos que o texto utilizado no Judaísmo e no Cristianismo é, em síntese, o mesmo, entretanto, a interpretação ou texto final quanto ao Decálogo é diferente. Ainda que a influência deste texto no mundo não seja alterada pela corrente teológica, para fins de compreensão e clareza, esse apontamento é importante.

O Decálogo está presente em dois momentos na Bíblia, no Êxodo, capítulo 20, versículos 1 a 17 e Deuteronômio, capítulo 5, versículos 5 a 21 e, segundo a tradição judaico-cristã, foi entregue por Moisés ao povo hebreu após ter recebido os mandamentos diretamente de Deus. Ele foi registrado em duas pedras (tábuas), cada qual com 5 mandamentos, do primeiro ao quinto e do sexto ao décimo, respectivamente.

A diferença nos textos ocorre desde o primeiro mandamento. A seguir um trecho em destaque do livro do Êxodo (capítulo 20).

2: Eu sou o Senhor teu Deus, que te libertou da terra do Egito, da casa de servidão.
3: Não terás outros deuses diante de mim.
4: Não farás para ti imagem de escultura, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
5: Não as adorarás, nem lhes darás culto, porque Eu Sou o Senhor, teu Deus um Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, na terceira e na quarta geração daqueles que me aborrecem,
6: e uso misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.
7: Não jurarás pelo nome do Senhor teu Deus em juramento vão, porque Deus não terá por inocente aquele que tomar o Seu nome em vão.

No Judaísmo o primeiro mandamento é:

2: Eu sou o Senhor teu Deus, que te libertou da terra do Egito, da casa de servidão.

No caso da Igreja Católica, quanto ao primeiro mandamento, é utilizado o agrupamento de Santo Agostinho. Para o primeiro mandamento isso significa que os versículos 3, 4, 5 e 6 foram agrupados em um só e dado por interpretação, como:

Amar a Deus sobre todas as coisas.

Algo semelhante ocorre no segundo mandamento. No Judaísmo o segundo mandamento contempla os versículos 3-6. Disso resulta que o segundo mandamento no Judaísmo tem a seguinte construção:

3: Não terás outros deuses diante de mim.
4: Não farás para ti imagem de escultura, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra.
5: Não as adorarás, nem lhes darás culto, porque Eu Sou o Senhor, teu Deus um Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, na terceira e na quarta geração daqueles que me aborrecem,
6: e uso misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.

No caso da Igreja Católica a construção é feita a partir do versículo 7 e toma a seguinte forma:

Não usar o Santo Nome de Deus em vão.

A partir do segundo mandamento o texto é, em síntese o mesmo, mas com defasagem. O terceiro mandamento do Judaísmo é o segundo mandamento do Cristianismo; o quarto mandamento do Judaísmo é o quinto mandamento do Cristianismo e assim segue até o nono mandamento no Judaísmo, que corresponde ao oitavo mandamento do Cristianismo

Neste ponto, o décimo mandamento no Judaísmo corresponde ao nono e décimo mandamentos do Cristianismo juntos. Uma observação importante está no quarto mandamento do Judaísmo que santifica o dia de sábado (Shabat) e no Cristianismo o correspondente é o terceiro mandamento, onde o dia santificado é o domingo.

A seguir o Decálogo para cada uma das correntes teológicas.

Decálogo no Judaísmo

1: Eu sou o Senhor teu Deus, que te libertou da terra do Egito, da casa de servidão.

2: Não terás outros deuses diante de mim. Não farás para ti imagem de escultura, nem figura alguma do que há em cima no céu, nem em baixo na terra, nem nas águas debaixo da terra. Não as adorarás, nem lhes darás culto, porque Eu Sou o Senhor, teu Deus um Deus zeloso, que visito a iniquidade dos pais nos filhos, na terceira e na quarta geração daqueles que me aborrecem, e uso misericórdia até mil gerações daqueles que me amam e guardam os meus mandamentos.

3: Não jurarás pelo nome do Senhor teu Deus em juramento vão, porque Deus não terá por inocente aquele que tomar o Seu nome em vão.

4: Lembra-te do dia de Shabat, para santificá-lo. Por seis dias deverás trabalhar e cumprir todas tuas tarefas, mas o sétimo dia é Shabat de teu Deus; não deves fazer nenhum trabalho – tu, teu filho, tua filha, teu servo, tua serva, teu animal, e o peregrino que estiver dentro de teus portões – pois em seis dias Deus fez os céus, a terra, o mar e tudo que neles está, e Ele descansou no sétimo dia. Por isso abençoou o dia de Shabat, e o santificou.

5: Honrarás teu pai e tua mãe, para se prolonguem teus dias sobre a terra. 



6: Não matarás.

7: Não fornicarás.

8: Não furtarás.



9: Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.

10: Não cobiçarás a casa do teu próximo, não cobiçarás a mulher do teu próximo, e seu servo, e sua serva, e seu boi, e seu asno, e tudo que seja teu próximo.

Decálogo no Cristianismo

1: Amar a Deus sobre todas as coisas.


2: Não usar o Santo Nome de Deus em vão.










3: Santificar os Domingos e festas.



4: Honrar pai e mãe.









5: Não matarás.


6: Não fornicarás.

7: Não furtarás.

8: Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.


9: Não cobiçarás a mulher do próximo.


10: Não cobiçarás as coisas alheias.




Para fins de análise será utilizada a vertente Cristã, ainda que nenhuma das duas versões seja superior a outra. O uso pela vertente Cristã é por questões de conveniência.

5: O Decálogo – Os Dez Mandamentos e a influência na Sociedade

Antes de adentrar no estudo e influência do Decálogo é preciso entender que, a partir da versão Cristã, os quatro primeiros mandamentos são destinados ao indivíduo e os outros seis são relacionados e destinados à sociedade. De forma mais pormenorizada os três primeiros mandamentos podem ser seguidos pelo indivíduo sem a necessidade de outra pessoa. O mandamento quatro é para o indivíduo e envolve sua família. Os demais possuem relevância social. Aqui etão presentes os elementos que constitutem uma sociedade: Indivíduo, Família e Sociedade.

10 Mandamentos 4 para o indivíduo e 6 para a sociedade

5.1: Mandamentos ao Indivíduo

1° MANDAMENTO
Amar a Deus sobre todas as coisas.

Este mandamento traz como consequência indireta a consagração nas constituições dos países ao prever e permitir a escolha de um credo, tendo a liberdade de exercê-lo e de escolher outro, se for o caso. Temos que ter clara a diferença entre forma religiosa e princípio religioso.

A forma religiosa são as várias religiões existentes e suas expressões. Já os princípios religiosos são os elementos comuns em todas as religiões. Um destes princípios é a existência de um criador, o que chamamos de Deus. Estes princípios foram estudados pelo psicanalista Carl JUNG (1875-1961; Suíça), na forma do inconsciente coletivo.

Nas constituições dos países, existe a previsão da liberdade religiosa havendo poucas exeções. É comum nas constituições a existência de cláusulas que contemplem a intolerância religiosa; a discriminação em decorrência da religião e algumas constituições possuem cláusulas sobre blasfêmia (anti-blasfêmia).

2° MANDAMENTO
Não usar o Santo Nome de Deus em vão.

Este mandamento, em termos de sociedade, não tem uma aplicação social relevante. Ele tem relação direta com cada indivíduo. Entretanto, podemos destacar que, historicamente, a honra de um homem era dada através da palavra empenhada e que seu comprometimento se dava pelo fio de seu bigode. Usa-se o nome de Deus em vão quando se jura em nome dele: “Eu juro em nome de Deus“.

Grande desonra ao homem nos anos idos que não cumprisse sua palavra. Em outrras palavras, em um passado os homens empenhahm sua palavra e isso per se bastava, não sendo necessário jurar em nome de Deus.

Isso se perdeu ao longo dos anos e os contratos assinados e reconhecidos não são mais seguidos, quanto mais a palavra de quem a profere. Assim, percebe-se que a sociedade humana deixou de honrar sua palavra o que para os homens do passado era algo inconcebível ou, na melhor das hipóteses, inadmissível.

Hoje, entretanto, nossa realidade é bem diferente e a palavra dos homens não vale nada. Não há comprometimento entre o que se faa e o que se faz.

3° MANDAMENTO
Santificar os Domingos e festas.

Aqui, não vamos considerar somente os domingos, mas os sábados (dos judeus) e os domingos (dos cristãos). Em primeiro lugar devemos entender que nossa semana tem sete dias e isso remonta os babilônios, influência direta percebida nos livros da Tanakh. Institucionalmente a semana de sete dias foi oficializado pelo Imperador Romano Constantino em 321 D. C.

Essa forma de organizar a semana passou a fazer parte de todo o império na época e permanece até os dias de hoje. Constantino ao decretar o formato da semana o fez após sua conversão ao Cristianismo, o que resulta, ao fim, uma influência dos texto Judaico-Cristão.

A versão aceita é decorrente dos sete dias para a criação, os seis da criação e o sétimo dia de descanso. Assim, para os judeus o dia de descanso é o sábado (Shabat). Já para os cristãos o dia de descanso é o domingo. Os muçulmanos e o Islã, outra religião Abraâmica tal qual o Judaísmo e Cristianismo; o dia de descanso é a sexta-feira.

Disso podemos fazer alguns comentários. O primeiro é que judeus, cristãos e muçulmanos, como já dito exercem seus credos os quais são da corrente Abraâmica. Como consequência natural da própria origem, estes credos e seus adeptos compartilham o mesmo território, originalmente.

O Judaísmo surgiu primeiro e tem o sábado como dia de descanso. Na sequência e na mesma região surge o Cristianismo e tem o domingo como dia de descanso. Os primeiros cristãos eram judeus e o uso de dias distintos para o descanso, mesmo dia para o culto de maior relevância, pode indicar uma forma de evitar concorrência. Ou seja, o judeu que ia ao sábado no Shabat podia ir também no domingo ao culto cristão.

A mesma ideia pode ser estendida ao Islamismo, onde a sexta-feira não impede o culto de quem queira estar presente no culto de sábado e no culto de domingo. Essa é uma perspecxtiva de análise que não foi comprovada, entretanto, é aceita como provável.

Nos países ocidentais a influência cristã é maior que a influência judaica e esta é maior que a islâmica. Assim, nos países ocidentais, o dia de descanso é o domingo, por influência do Cristianismo. Resta, entretanto, entender o sábado.

Para começar alguns países, e o Brasil se enquadra nisso, permitem que pessoas possam recusar trabalhar em dia de sábado em função da religião (Judaísmo; Igreja Adventista do Sétimo Dia). Isso é previsto em Lei. Fora isso existem algumas versões para o não trabalho em dia de sábado. Uma delas remonta ao excesso de bebedeira dos ingleses.

No séulo final do século XVIII e início do século XIX, no prosseguimento da industrialização (Revolução Industrial: séculos XVIII-XIX); os ingleses aproveitavam o domingo para beber e na segunda-feira precisavam se recuperar já que o consumo de álcool era demasiado.

Disso surgiu a possibilidade de dar meio dia de sábado para isso se os empregados garantissem presença apta ao trabalho na segunda-feira. Assim surgiu o sábado. Essa é uma das versões ais aceitas.

Outra versão tem relação com Henry Ford. Após alguns cálculos e análises ele verificou que uma semana de cinco dias de trabalho aumentava a produtividade por dois motivos: (i) – reduzia a alta rotatividade de trabalhadores; (ii) – o que fazia variar a qualidade dos bens produzidos. Dessa forma, reduzindo o número de funcionários, ele pode aumentar os salários dos funcionários que permaneceram, o que resultou (i) – no aumento da moral dos funcionários; (ii) – melhorou a qualidade de vida deles e; (iii) – por consequência, aumentou o comprometimento com a produção, (iv) – resultando em melhor qualidade dos bens produzidos.

Psicologicamente, podemos observar que pessoas com semana de cinco dias tende a produzir mais e melhor ao longo da semana. O maior motivo para isso é a possibilidade de passar maior tempo com a família, indicam estudos.

Independentemente da versão sobre o sábado, se religiosa, se por conta da bebedeira dos ingleses, se por conta de Henry Ford, o fato é que o domingo, por influência Cristã, é tomado como dia de descanso e essa origem é devido ao texto de origem Judaico-Cristão.

4° MANDAMENTO
Honrar pai e mãe.

Este é o úncio mandamento que promete recompensa, quando avaliado sua extensão que diz: “(…) para se prolonguem teus dias sobre a terra“. Não existe constituição conhecida que aborde esse tema. Entretanto, é senso comum respeitar os mais velhos.

Essa forma de conduta tem como subsídio o mandamento em análise, ainda que isso não tenha relação direta com o texto Judaico-Cristão.

É o caso de países como o Japão, onde a influência Judaica-Cristã é pequena, entretanto o senso de respeito aos antepassados é muito forte. Ou seja, esse mandamento nos faz refletir sobre a importância da família como origem de uma sociedade que saiba ter respeito às mais variadas facetas da sociedade.

Em outras palavras, aquele que não sabe respeitar ao que tem em casa, em especial ao seus progenitores, não será capaz de respeitar mais nada. Destacamos que esse é o último mandamento destinado ao indivíduo e que os demais fazem referência à sociedade.

Isso nos permite afirmar que a base da sociedade é a família e o nível que se tenha de respeito na família, esse será o respeito do indivíduo na sociedade. Isso pode ser vidsto da seguinte forma:

  • Primeiro porque é o único mandamento que nos traz promessa de recompensa; o que nos remete à ideia de meritorcracia, um valor presente na sociedade.
  • Segundo porque honrar os progenitores é educação para ter respeito às regras da sociedade.
  • Terceiro porque este mandamento é prefácio aos mandamentos sociais, nos fazendo remeter à ideia de que a base da sociedade está na família.

Feita esta análise passemos agora estudar os mandamentos que se referem à sociedade.

5.2: Mandamentos à Sociedade

5° MANDAMENTO
Não matarás.

Este é o primeiro mandamento de tipo social e possui ampla aceitação e registro nas constituições dos países. É uma das bases do contratualista John Locke (1632-1704; Reino Unido), que defende a vida, a liberdade e a propriedade (obtida pelo trabalho).

O quinto mandamento é uma Lei Moral que antecede, por isso, ao próprio ordenamento jurídico, o que culmina em Lei. Podemos entender isso como uma moralidade entre os povos que existiria ainda que o texto Judaico-Cristão não fizesse referência a ele.

Entretanto, além da moralidade existe o ordenamento jurídico que na forma da Lei institui aspectos que além de proibir e coibir traz consequências ao ato. O ato de matar precede a maioria dos relatos bíblicos o que pode vemos no episódio conhecido como Caim matou Abel (Gênesis, 4:8). Caim recebeu punição, sendo expulso de sua terra e condenado a peregrinar, conforme termo hebraico original.

O relato demonstra a importância da vida humana e o respeito necessário que se deve ter. Isso podemos ver através do relato Deus o qual confere castigo a Caim pelo assassinato de Abel.

A lógica é simples! Gerar a vida é um ato que custa, aos humanos, no geral, nove meses. O ato da morte, por sua vez, necessita de poucos instantes. Uma simples comparação quanto ao tempo para gerar uma vida e o tempo para causar a morte nos permite ver que o custo que se tem para gerar a vida é muito alto e que a subtração da vida de outrem é uma ação irreparável, tanto quanto ao custo da vida como também com relação às atribuições familiares insubstituíveis e sociais, que, ainda que substituíveis, causam uma lacuna decorrente de dor e desmotivação, ainda que momentânea para alguns.

Em outras palavras, a subtração da vida de outrem acarreta, em termos sociais, na alteração do modo continuum da própria sociedade em um nível ou outro, abrangendo mais ou menos pessoas conforme o caso.

Ainda que todos os mandamenttos têm implícita a ideia de livre arbítrio, é no quinto mandamento que isso toma uma relevância apreciável. Temos a liberdade de agir no sentido de matar alguém, entretanto, como uma forma de conduta de vida, não devemos agir desta forma.

O quinto mandamento preza pela dignidade da vida social e da própria existência humana. Em outras palavras, os mandamentos ditos como sociais existem porque somos seres sociáveis e vivemos em um meio social. Resumindo: Só há Lei quando há sociedade, na existência de uma vida solitária, não há motivo para a existência de Leis, cada qual se autogoverna.

6° MANDAMENTO
Não fornicarás.

Este mandamento tem relação com o comportamento sexual. Nele estão aspectos referentes ao abuso da condição sexual. Não se trata de ver no sexo algo negativo, e sim de apontar sobre o abuso pelos humanos desta condição natural.

É importante notar que a prostituição é legalizada em alguns países, possui restrições em outros e é tomado como ilegal nos demais. Em qualquer caso, existe a preocupação de manter este local em uma dada região da cidade, o que se convencionou chamar; portanto, de zona.

O termo fornicar pode ter algumas interpretações. Uma delas é a palavra fornicari, do latim, que deriva de fornix, que significa teto com arco curvo. Na antiga Roma as prostitutas, na ausência de outro local, utilizavam os prédios públicos, buscando proteção sob os arcos destes . Nestes locais ocorria a prosrtituição.

Havia interesse para um local único, tanto para concentrar a prostituição, como para evitar a reação da sociedade. Daí advém o que se chama de zona.

Fornicar também pode se relacionar a tudo aquilo que causa desgaste, que traga preujuízo. Disso advém outra explicação para o termo fornicari que pode significar “jorrar águas”. O significado faz referência a malgastar a energia, de forma trazer prejuízo para si.

Assim, nesse sentido, tudo que traga desgaste podemos considerar como fornicação, seja uma ação física em excesso, pode ser excesso de atividade pensante ou desequilíbrio emocional. O que todos eles têm em comum? RESPOSTA: Todos eles trazem desgaste ao ser humano.

Uma pessoa que utiliza trabalha de forma excessiva com aspectos mentais, intelectuais, ao fim do dia está cansado. Um ataque de ira/raiva, um ataque de ciúmes ou estados de nervosismo nos deixam desgastados e, a contabilizar o nível desse desgaste, até nos sentimos cansados, sem força após o evento. O mesmo se dá para ações físicas muito desgastantes, ao fim do dia não temos ânimo para nada.

Logo, neste contexto de análise, fornicação se refere ao mal gasto de nossas energias humanas. Portanto, devemos evitar o desequilíbrio porque isso nos levará à fornicação.

Na própria bíblia fala que o escravo tem seus direitos. Isso demonstra que não devemos levá-lo à exaustão, a malgastar suas energias.

Seja pelo abuso do comportamento sexual, seja pelo malgasto de nossas energias, os povos têm ações para manter a sociedade em um patamar saudável, sem embates, sem desequilíbrios de qualquer índole.

7° MANDAMENTO
Não furtarás.

Assim como no quinto mandamento, este está presente nas constituições dos países.

8° MANDAMENTO
Não levantarás falso testemunho contra o teu próximo.

Mentir em um tribunal é crime.

9° MANDAMENTO
Não cobiçarás a mulher do próximo.

Adultério é crime em 23 estados dos Estados Unidos da América. Mesmo que não seja crime não é algo bem visto pela sociedade de um modo geral.

10° MANDAMENTO
Não cobiçarás as coisas alheias.

Não há ordenamento juríico que se refira à cobiça, entretanto, o clássico a inveja mata é decorrência deste mandamento.

6: Conclusão